Na casa do coração
Tem um viveiro aberto no quintal
Limoeiro, cedro e bambuzal
Colmeia se formando no beiral
Cadeira de balanço, desenho de remanso
Nas águas de pranto do meu litoral
No quarto do coração
Perto da cama um maleiro marrom
Que guarda meu acordeom
Moedas e uma caixa de bombons
O presente que eu tanto queria:
"Alguma Poesia" - o primeiro livro de Drummond
Seguindo o corredor do coração
O antigo aparador
Um cinzeiro incolor, cinzas no chão
A flor da idade se escondendo no porão
É a casa do coração
Sabe arejar no verão
Abro as janelas
Pra tarde passar devagar
E a gente debruçar
Saboreando a solidão