Na mesa do brasileiro tem,
Feijão, arroz, farinha e dendê
É tanta coisa de comer
Então porque sobra pra mim e não pra você
Na beira do rio tem pirarucu, tucunaré
Na baixa maré dá pra pegar
Caranguejo, aratú, siri e guaiá
Na boca da mata, caju, açaí, pitanga, Araçá,
Mangaba, umbu e maracujá
Na beira do mar pintado, cação, vermelho, xaréu,
Muito camarão
No sol do sertão
Tem baião de dois, panela de barro,
Só o bode assado não enche o prato do trabalhador
No chá da sua avó tem capim limão
Aroeira e boldo e barbatimão
Cana do brejo, carqueja e louro
O ramo da erva na palma da mão
É tanta erva de curar
É tanta folha de benzer
Tem uma cultura milenar
Vindo bem antes de você
Boia-fria, sertanejo, ribeirinho, quilombola,
O índio não quer esmola
O negro não quer esmola
Eu não quero esmola
Pois com migalhas só há sobrevivência, e não vida em sua máxima potência.
Por isso reexistimos e lutamos,
Não apenas para estar aqui, mas sim para viver com dignidade e respeito.
Alterando assim todas as narrativas construídas sobre nós.
Afinal, todos são essa terra.
Apesar de você não aprender na escola.