A chibata rangeu seco
Pôs a lua pra chorar
Flecha zuniu na clareira
Fez carrasco congelar.
Se um filho sente fome
Odé ensina ele a caçar
Rei de Ketu nasceu livre
Não tem ferro pra lhe parar.
Ele movimenta os braços
Usando só imaginação
Tece rede de assovio
Cerca a presa com ilusão.
Quando viu seu continente
Se mudando de lugar
Reuniu folha, parente
Velho e novo pra lutar.
Na senzala a rebeldia
Caçou alma sem se mostrar
De tocaia salvou vidas
Relembrando como rezar.
Fez família renascer
Ensinando a libertar
Quem perdeu a esperança
Vê no corpo o próprio lar.
E juntou em uma nação
Todos os pedaços de um vasto mar
De lembranças de pés e braços
Filhos dos passos dos Orixás.