[ Featuring Vinicius Bastos Gomes ]
Falou que tava na hora de acordar
O dia levanta mais cedo
Senzala não sobra ninguem
O coro da raça que sofre ardendo no sol
O medo sorrindo no rosto é dente por dente
O peso de ogum na corrente
Senzala não salva ninguém
Chibata que exala no ar exige respeito
Rezou pra santo trocado pra não apanhar
Sabia que era pecado olhar nos olhos sinhá
Que um povo de costas marcadas
Pensou que podia amar
Sabia o destino danado é olho por olho
Cabia ao castigo no tronco,
Senzala perdoa ninguém
Existe um santo e quem manda você resistir
Trocou A língua que fala só pra agradar
Chicote que arde no oco
Madeira que pode matar
Na roda de cavalaria tambor vai gritar
O toque viola dá
Educa sujeito teimoso
Senzala redime ninguém
Segura o capitão do barco que sabe educar
Nego é bela moeda
Vida que pesa nas costas
Demora passar
O dia, o açoite, o engenho
De açucar não pode adoçar
A vida destila aguardente pra gente aguentar (2x)
Nego é bela moeda
Vida que pesa nas costas
Demora passar, demora passar ?
É nenego,
Quem tem pressa tropeça na rede dos enganos
E dura é a queda se a responsa do filho de santo
Aí que sentinela se afasta e a dor revela o seu manto
Pra que tanto espanto?
Quem carrega no peito ? o axé da pedreira mais pura
Se ve obrigado a encarar o pecado da forma mais dura
É nenego, é foda.
Perdoar certas fita é foda,
A ganância é foda
A ganância mata,
A Samarco mata e a Vale também
Ter que aguentar o peso da vida marcando teu ombro e te abrindo as feridas
E dói!
Eta dor doída essa dor que pulsa.
Tirar virtude da dor é um dom? tipo igual música.
Tirar o fogo da pedra, o remédio da erva a força da terra e de quebra
Os flautins dos bambuzais.
É vera, dá trampo viver nessa selva
Mas a gira é longa Nenego
E a vida é curta demais
A gira é longa
A gira é longa
E a vida é curta demais
