CENSURA
Não é bem assim que as coisas funcionam
Aprendi com a vida a lutar
É desinformando que o Governo
Quer nos ver cegar
Direitos humanos por cima dos panos
Por baixo é tudo lenha pronta para queimar
Fogo na notícia, história é pra revisar
Então bem-vindo de volta à caça às bruxas
CENSURA nas travessuras do amor
CENSURA no espelho de um ditador
CENSURA na voz do compositor
CENSURA nos cofres da capital
Com um extrato de sangue mensal
Bocas camufladas e as mensagens à mil
Na ditadura a moda era calem o Brasil
E o povo hoje espera um canto de guerra pra revidar
Quem nos censurar, quem nos censurar, quem nos censurar
"Eu seria menos cauteloso do que o próprio Ministro das Relações Exteriores, quando disse que não sabe se o que restou caracterizaria nossa ordem jurídica como não sendo ditatorial, eu admitiria que ela é ditatorial. Mas, às favas, Senhor Presidente, todos os escrúpulos de consciência."
Pense bem
Pense com as próprias razões
Não faça o que te impuser o olhar do caçador
Caçando as verdades da sua mente
Caçando os poetas e os depravados
Limpando do mapa qualquer desejo de liberdade
Liberdade de expressão
CENSURA nas mãos do torturador
CENSURA nos corpos da ditadura
CENSURA na voz do consolador
CENSURA em toda e qualquer guerra
CENSURA
Liberdade de expressão
CENSURA
Liberdade de opinião
CENSURA
Liberdade de expressão
CENSURA
*Depoimento de Jarbas Passarinho durante a reunião que instituiu o período mais sangrento da ditadura, o ato AI-5 , durante o governo do general Costa e Silva, em 1968.