Deixa o moleque dançar, deixa a menina correr
Deixa a senhora se animar ainda antes de morrer
Deixa, as águas de março do Tom inundando o asfalto
As mágoas no traço em tom menor, em tom mais alto
Deixa a paixão popular pisar no chão do seu lar
O falso amor da novela não vai manipular
Vai passar nessa avenida o nosso carnaval
Vai dançar nessa batida a moça em alto astral
O tempo é página infeliz da nossa história
Mesmo com lágrimas ainda temos a glória
Então deixa os tambores batendo forte
Nossos valores pulsando do sul ao norte
Deixa os amores brotarem, deixa de média
Deixa essa falsa moral na idade média
Eu semeio o vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade...
Deixa a caixa bater, deixa o bumbo vibrar
Deixa o teu corpo tremer e a mente desequilibrar
Deixa, que a dor abafada no peito vira rima
É do samba e do rap a matéria prima
E é no compasso do som que a cabeça pensa
No passo a passo na avenida imensa
Numa mistura de loucura e verdade
Na cultura da fissura e da mais pura liberdade
Oh meu deus, vem olhar, o nosso bloco a brilhar
Os olhos a se molhar e o caminho trilhar
E tem que queira que a gente não seja gente
Sem pranto, sem riso, perdidos, indigentes
Mas somos muito mais que o mando da besta quadrada
Inteligência e swing no flow é tudo ou nada
Quer dizer, é tudo e vai ser tudo nosso
Neurônios, cartilagens, músculos, ossos
Então deixa meu som tocar na tua pista
Não só de dom mas de atitude se faz a conquista
Eu semeio o vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade...
Deixa a caixa bater, deixa o bumbo vibrar
Deixa o teu corpo tremer e a mente desequilibrar
Deixa, que a dor abafada no peito vira rima
É do samba e do rap a matéria prima