Menina nem lembra se foi embalada
Embala no ventre menino pretinho
Que encolhido ouve sussurros e gritos
Menina acorda tão cedo e corre
Sem saber pra onde e canta seu canto mudo
Tentando expressar esse mundo absurdo
Menina nem lembra se foi embalada
Embala no peito um pequeno pretinho
Seu rosto suado e ainda é cedo
Tudo que queria era ficar no ninho
Olha ao redor tudo é laranja e cinza
Roupa no varal faz ficar colorido
No fim de semana tem samba e ciranda
Pra curar a dor e botar um sorriso
[Refrão]
Menina nem lembra se foi embalada
Embala no ventre menino pretinho
Que encolhido ouve sussurros e gritos
Menina acorda tão cedo e corre
Sem saber pra onde e canta seu canto mudo
Tentando expressar esse mundo absurdo
Menina nem lembra se foi embalada
No peito e no ventre embala o menino
Já inventou rango, brinquedo e fez grana
Mal pode esperar o fim da correria
O corpo cansado no final do dia
Só quer ficar viva e seguir seu caminho
[Texto falado]
Mulheres periféricas lutam, amam e cantam
Constroem seus mundos com as próprias mãos
E são suas próprias bases
Que não haja toque de recolher
Pra tirar dela o direito de voar
E que não haja escuridão
Pra tirar a chama no fundo do olhar
Que não haja bala pra matar o amor
Da menina que embala
Que não haja faca que vá cortar a sua garra
Que não haja espada pra furar o escudo-peito
Que não haja repressão pra matar o amor
Das mulheres Anas, Rosas, Cleonildas,
Amandas, Andressas, Mirapotiras, Zuleicas,
Marias, Glórias, Lucianas, Nênas,
Clarianas, Paulas, Martas, Raquéis, Jaciras,
Margaridas, Sandras, Fernandas, Cecílias
Sheilas, Camilas, Palomas e Maras
Nem vem
Nem tentem nos matar
A nossa arma é o amor
Ficha Técnica:
Letra, Melodia e Voz: Dêssa Souza
Arranjo: Jonatas Noh e Augusto Iúna
Guitarra e Baixo: Augusto Iúna
Percussões: Rafael Franja Lima
Trompete e Produção Musical: Jonatas Noh (Quebrada Groove)
Acordeom: João Carlos de Calda Leite