Ninguéns
Olha o seu José zanzando ziquezagueando na consolação
Os seus pés vão tropeçando nas bestas calçadas feitas de exclusão
Os seus passos tinham traços, sobras de Picasso e destruição
Os seus olhos eram pastos de desertos, rastros de devastação
Olhao seu João girando malabarizando a destruição
Os seus olhos vão gritando mas a sua boca era só um vão
Era um buraco dentro do buraco denso do seu coração
Era um descaso dentro do ocaso da incivilização
Dona Maria segue a romaria dos domesticados no avenidão
Uma senhora meio Zé não alguém, só porque sem vintém é meio zero e cão
Perambulava prenha na augusta feito abandono em multiplicação
Eram as pombas cinzas da paulista que abençoavam sua gestação
Os anúncios seduzindo e ao mesmo tempo lhes dizendo ?não?
A cidade se expandindo e aglomerando tanta solidão
É a máquina do mundo e sua manada na escuridão
Olha que as mercadorias são estrelas guias dessa multidão
Nesse emaranhado doido de vazios todos em germinação
A procissão dos mendigos colorindo os vidros do bom cidadão
Olha um menino nascendo bem no meio fio, ali na contramão
Mas quando o sinal abriu todo mundo partiu na congestionação