Veio o dia que lhe disse:
"Tu Catania não me bastas,
dos meus sonhos o que fizeste?
Fechou-os numa gaveta."
E sonhava de partir,
de encontrar outro belo lugar
para poder reabrir
aquela gaveta agora escondida...
...fechada com correntes,
cheia já de telas de aranha.
Tu me dizia, quando criança:
"olhe sempre estas estrelas,
basta ver uma que cai,
tudo se realiza."
Quantas estrelas terei contado,
quantas delas eu vi cair,
mas a América é distante,
mas a América...a América...
Era este, sabes, meu sonho,
de voar sobre New York.
E agora estou cantando,
e ainda estou sonhando,
mas sempre dá minha cidade.
Não mudou nada,
todas as noites espero
ainda uma estrela-cadente.
E assim peguei aquele trem.
Tremia pelo medo,
levei comigo só a gaveta
cheia já de telas de aranha.
E assim cheguei naquele lugar
feito tudo de motores,
sentia falta da minha praia,
sentia falta do teu rosto...
...que cada noite me levava
a olhar os pescadores.
E agora estou cantando,
e ainda estou sonhando,
mas não tenho mais a minha cidade.
Não mudou nada,
todas as noites espero
ainda uma estrela-cadente.
E agora estou cantando,
e ainda estou sonhando,
mas não tenho mais a minha cidade.
Onde vivo não tem mar,
sobre as casas sempre neve,
somente neblina e vento frio,
sobre o trigo desce a chuva,
mas as estradas são brancas,
não tem terra e não tem sangue.
Penso ainda nas palavras escritas
no alto do jornal:
"quem não tem medo de morrer
morre uma vez só".
E agora estou cantando,
e ainda estou sonhando,
mas não tenho mais a minha cidade.
Não mudou nada,
todas as noites espero
ainda uma estrela-cadente.
E agora estou cantando,
e ainda estou sonhando,
mas não tenho mais a minha cidade.
na na na na na.......