Faiz argum tempo nóis partimo num cruzêro
Pois nóis queria navegá o mundo entêro,
Mais do hrozonte um vento forte e traiçoêro,
Sem avisá, encapotÕ NOSSO VELÊRO
Dispois de dá cos burr nágua, afundamo
No gargarejo, engolimo o oceano
O "Elizeu" fêiz malográ os nosso plano -
Por causa dele, nóis quase desencarnamo
Um vagaião de água verde e bem moiada
Nos deu um tranco, e num baita sobressarto,
Nos empurrô inté uma ilhota no mar arto -
Desembarcamo numa ilha desabitada
Nóis ficamo lá na ilha, que sufoco!,
Ficamo quebrando côco sem sabê como vortá!
Ficamo martrapilho feito alma penada,
Mais bem aos pôco, construímo uma jangada,
Subimo nela e dispois dumas braçada,
ói nóis de novo, co as nossa paiaçada!
Cê que nos orve, receba de antemão
Um abraço forte desse nosso coração,
Porque nóis qué ponhá de novo o pé na estrada,
E fazê um bolinho com poesia e risada.
Nóis ficamo lá na ilha, que sufoco!,
Ficamo quebrando côco sem sabê como vortá!