Entrei fora do tom no bolero que te fiz
Passavas de mão em mão dadivosa e feliz
De fato aquela cancão nunca coube a ti
Pois sequer me ouvias quando do palco te vi
O brilho do planetário a ribalta os metais
Refletiam a tua falta nos desacertos vocais
O cortinado de fumaca densa no pensamento
Marejava o meu olhar névoa de tormento
Eras toda indiferença bailando no salão
A minha voz vacilante seguia fora do tom
À contra luz outra dama docemente dancava
Com a mesma água de cheiro que outrora usavas
Sofri ao te ver assim exuberante e sensual
Nas costas nuas mostrar o inconfundível sinal
De fato fostes a mulher que nunca coube a mim
Pois nem me vistes chorar quando chegamos ao fim