Olhos do claro
Lé Dantas
Cordeiro
Clareou, os olhos do claro
Clareou, a gota de orvalho
Orvalhou a rosa mais bela que havia
Verdejou, o verde-vermelho
Avermelhou, o negro-negreiro
Negrejou os olhos da noite que nascia
A vida é a sina, a sina escrita
Em livros bonitos, sagrados manuscritos
Em pedras ocultas no tempo
E pedra em pó e o vento que passa querendo levar
Clareou, pro bem de alguns
Clareou, pros filhos de ogum e alá
Pra gente que mora na bahia
Iluminou o corpo e a alma
Clareou o terreiro e a senzala
Clareou e tudo é luz maravilha
No centro da ilha, negro, índio, branco
Os pés no tamanco, tamanco pisando no chão
Curando o mal com unção
Com rezas e folhas do mato
E lavrando a terra com as mãos
Clareou