Não me consolo com a luz do sol
Não me consolo com a música
Nem mesmo a comida me consola
Diante da moral esdrúxula
Não tem sabor como o da manga-rosa
Que tampouco traz qualquer consolo
Não tem farelo não tem jerimum
Não tem pedaço de bolo
Espero o dia em que a sombra saia
Por debaixo dos móveis
O momento em que a luz alcance
A cabeça dos homens
Não há consolo pro apetite insano
Que transcende a necessidade
Não tem banquete nem ração que baste
Para tanta voracidade
Mesmo quando o esquema dá errado
E vem à tona o resultado
Não tem remorso nem dignidade
Para deter o rato
Espero o dia em que a sombra saia
Por debaixo dos móveis
O momento em que a luz alcance
A cabeça dos homens