Voz
Mais leve que o tempo e mais
Que a bailarina pisando em cristais
Entre o orvalho e a manhã
Sóis dez mil Picassos pintando a tela
A mãe da terra é a voz
Das paixões, dos heróis
Dos incêndios frios
Gás nossa palavra virou estrela
Brilho, espelho veloz
Da paixão que se prende à garganta
E canta e canta e vira
Voz dos homens que choram mais
Velha druída que cala e diz paz
Com olhos de cortesã
Faz de mil pedaços o amor inteiro
Prisioneiro e algoz
Nos porões, nas marés
Nos umbrais vazios
Traz a prata que abre o baú do tempo
Abre e zela por nós
Com a paixão que se prende à garganta
E canta e canta e vira voz