Lindeza
(Pabllo Moreno)
Fiz um baião modesto
Remendando o meu resto
Com palavras donzelas
De um poeta bem amador
Fiz um baião medonho
Pra despertar desse sonho
Misturando numa aquarela
Pra nascer dela uma nova cor
Fugindo dessa sina que tanto me azucrina
Ofuscando o bem virá
Sofrendo na labuta
Pois quem apanha não foge da luta
Somos tão sertão, somos tão Brasil
Somos tão anil quanto nosso mar
Mas no pé da ribanceira
Já plenos da canseira
Qual sol nos emergirá?
Também fiz baião bonito
Mas hoje ando tão aflito
A espera de quem não vem
Quem me fez refém nessa Contramão
Quem dera se você fosse
Tal qual a fruta mais doce
Que nem que dá na beira
Lá da ribeira do teu rincão
Dormir sobre teus seios
Afogar nossos anseios
Só depois que casar
Cantar palavras boas
Dentro do coração das pessoas
Uma palavra sã, palavra de Deus
Para os filhos meus me acreditar
Vou seguindo com a certeza
Tua lindeza é vã como um amanhã
Que não vai vingar
Coragem, miragem na crista do cantador
Lindeza, tristeza na vista do sonhador
Ver o bem que vem!