[ Featuring Antônio Fabio ]
Interlúdio.
Sou como uma aranha
Presa no silêncio em um sonho
A vibração do ventilador
Junto ao silêncio abafado da noite
Tem textura de chuva
Vai ver está chovendo
Em algum lugar
Sempre está
Eu me esforço
Para beber um pouco d'água e
Lá fora um céu rosa toma conta
Granulado
No telhado
E chove
O cheiro sobe leve
Tudo dança um pouco
Como uma aranha presa
Num corpo cheio de fumaça
Esperando pelo inseticida
Despertador
O desodorante aerossol
Encobrindo o cigarro do vizinho
Como uma metáfora
Patética americana
Eu concordo, eu sei
Ela me diz que tudo é passageiro
Ela tem razão
E eu me desespero
Por três segundos
Em uma quase noite
Em quase pensamentos
Num distanciamento breve
Em uma quase despedida
E somos o que somos
Os carros são só ferro
Os dias são um só
As histórias são uma só
Somos protagonistas de nada
Os sonhos também,
10/11/15