Ulpiano Arrido, seus irmãos, sua velha mãe,
Ganharam estrada sob um céu de pouca lua
Buscando a flor do destino mais sereno,
O sol ameno e uma vida menos crua
Venderam aperos, de estopa fizeram malas
Deixaram o rancho pra sangria das taperas
Sonhando um mundo onde o inverno não habita
Por que infinita a estação da primavera
Nunca mais o ferro na terra
Nunca mais o coice do arado
Bois de canga, nunca mais
Nunca mais sinais do passado
Ulpiano Arrido, seus irmãos, sua velha mãe,
Iguais a tantos que encontraram pela estrada
Buscando a flor do destino mais sereno
Colheram cedo o inverno longe de casa
Pela cidade, na maçaroca das ruas
Minguou o cobre dos seus aperos vendidos
Que despassito se fez prata em faca limpa
Na mão faminta do mais moço dos Arrido...