Às vezes ando em passos tão pequenos
Sinto que o sereno ainda vai me afogar
Mas, nesse passo, digo: tenho segurança
As pernas não se cansam digo: nunca vou parar
Às vezes ando de olhos entreabertos
Não sei se é esperto não consigo precisar
Desse meu jeito enxergo bem mais longe
Os olhos não se molham tudo posso avistar
Sei, me parece não é correto
Se não moro no deserto por que água vai faltar?
Amigo, não estou pedindo esmola
Mas um prato de comida vou ter que mendigar
Sou conhecido como Zé que cata bosta, quando a terra tá sofrendo lá vou eu pra bostar
Eles me chamam de seu Zé fecha porteira, quando passam a noite inteira lá vou eu pra porteirar
Um apelido é de Zé que é capineiro, quando o mato tá crescendo lá vou eu pra capinar
Logo que é tempo, dizem Zé cata a goiaba, que o pé tá barrigando, lá vou eu pra goiabar
Nunca me viram como Zé que tá morrendo, que a tempo tá comendo por ser Zeca trabalhar
Sou conhecido como Zeca desalmado, pois nem mesmo o diabo quis minha alma pra levar