Meu nome é Amável Pinto
E sou um matarruano distinto
Um dia, cuidando que ia ter ca' minha Adosinda
Achei melhor comprar o pau de cabinda
Fui eu, depois de botar a lavagem ao reco
Tratar com mimo o meu faneco
Ougava de lhe dar umas boas trouchadas
E, sobrando, também às cunhadas
Que'las não são más de ventas!
São boa mercancia e pouco flatulentas!
À môr disso fui-me ajeitar
E em pelote me fui mirar
"Ai que eu nã a posso castiçar
Sem este pelame foiçar!"
Aquilo era mais grelo qu'arroz de espigos
E tanto pêlo pode dar perigos
Analisei que instrumentos usar...
A enxada, o sacho e a roçadora fui experimentar...
Mas aquilo tava um verdadeiro engulho
E nunca mais me livrava do atulho
Nisto, fui buscar o maçarico
Para queimar o pêlo ao mê Eurico
Hoje estou com o meu tomate pelado
E assado, mas nem muito mal amanhado
Pois já a minha mãe dizia p'ra eu na levar a pior
"Quando não há matagal, ao menos a árvore parece maior!"